A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis. Ela afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, podendo atingir também mucosas e outros órgãos. Se não tratada, pode levar a deformidades físicas, incapacidades permanentes e estigma social.

Transmissão
A hanseníase é transmitida por meio do contato próximo e prolongado com pessoas infectadas que ainda não estão em tratamento. A transmissão ocorre principalmente pelas vias respiratórias, por meio de gotículas eliminadas ao falar, tossir ou espirrar.
Importante: A doença tem baixa infectividade, e a maioria das pessoas tem imunidade natural contra ela.
Sinais e Sintomas
- Manchas na pele:
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas com diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, ao frio e à dor.
- Alterações neurológicas:
- Formigamento, dormência ou fraqueza muscular, especialmente nas mãos, pés e rosto.
- Espessamento dos nervos:
- Sensação de caroços ou nódulos em regiões do corpo.
- Deformidades:
- Se não tratada, pode causar retrações nos dedos, feridas crônicas e outras alterações físicas.
Classificação Clínica
A hanseníase é classificada em dois principais tipos:
- Paucibacilar (PB): Forma mais leve, com até 5 lesões na pele e baixa carga de bactérias.
- Multibacilar (MB): Forma mais grave, com mais de 5 lesões, maior comprometimento nervoso e alta carga bacteriana.
Tratamento
O tratamento da hanseníase é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. É feito com um esquema de medicamentos chamado poliquimioterapia (PQT), composto por antibióticos como rifampicina, dapsona e clofazimina.
- O tratamento dura de 6 meses a 1 ano, dependendo da forma da doença.
- Após o início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a bactéria.
Prevenção e Cuidados
- Diagnóstico precoce: Identificar e tratar casos iniciais evita complicações e interrompe a cadeia de transmissão.
- Vacina BCG: Oferece alguma proteção contra a hanseníase, especialmente em crianças.
- Educação e combate ao estigma: Esclarecer que a doença tem cura e que o tratamento é eficaz ajuda a reduzir o preconceito.

A hanseníase pode se transformar em câncer?
Não, a hanseníase não se transforma em câncer. São doenças diferentes, com causas e mecanismos distintos. No entanto, há alguns pontos a considerar que podem gerar confusão ou preocupação:
1. Relação entre hanseníase e inflamação crônica
A hanseníase, especialmente se não tratada, pode causar inflamações prolongadas nos tecidos, o que pode levar a danos permanentes, como deformidades ou cicatrizes. Embora inflamações crônicas em geral possam ser um fator de risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, não há evidências de que a hanseníase diretamente provoque câncer.
2. Hanseníase e linfomas
Estudos indicam que pacientes com hanseníase podem, em raros casos, apresentar condições imunológicas alteradas, o que pode estar associado a um maior risco de certos tipos de câncer, como linfomas. Essa associação não significa que a hanseníase “vira” câncer, mas que a doença e o estado imunológico podem coexistir em alguns casos.
3. Diagnóstico diferencial
Algumas lesões causadas pela hanseníase podem ser confundidas com câncer de pele ou outras condições dermatológicas. Por isso, é essencial que lesões persistentes sejam avaliadas por um médico, especialmente um dermatologista.
A hanseníase é uma doença infecciosa curável e, com tratamento adequado, não há risco de progressão para câncer. O importante é o diagnóstico precoce e o tratamento completo para evitar complicações.
